TEXTO COMPLEMENTAR
Desconectados - Sem
supervisão, computadores nas escolas brasileiras mais distraem do que ensinam.
Revista Veja – 8 de agosto
de 2007 – pág. 102
O computador é uma poderosa ferramenta de
aprendizado. Por meio dele, os estudantes podem ingressar em redes virtuais,
compartilhar projetos de pesquisa e acessar gigantescos bancos de dados. No
entanto, não é o que tem ocorrido no Brasil. Uma pesquisa do Ministério da
Educação (MEC) permite afirmar que o aparecimento de novos laboratórios de
computadores nas escolas brasileiras fez o ensino piorar.
Segundo a pesquisa, estudantes que usam
computadores nas escolas estão seis meses atrasados nas matérias curriculares
em relação aos alunos sem acesso ao equipamento. Para chegarem a tais
conclusões, os especialistas reuniram as notas dos estudantes nas três últimas
provas do Saeb, prova aplicada pelo MEC para aferir a qualidade do ensino
básico. Por meio de recursos estatísticos, eles conseguiram medir o grau de
influência do computador sobre o desempenho dos alunos com acesso ao aparelho –
cerca de 38% das escolas públicas já tem PCs instalados.
Outras pesquisas já haviam mostrado que os
computadores têm contribuído pouco (ou nada) para a excelência nas escolas
brasileiras.
Até esse momento, no entanto, nenhuma delas
havia traçado um retrato tão negativo. Analisa a especialista Fabiana de
Felício, autora do estudo: “Sem a supervisão dos professores, as crianças
perdem tempo em frente ao computador com atividades sem nenhuma relevância para
o ensino”. Leia-se: jogos e bate-papos virtuais. Países onde os estudantes
cultivam o hábito de usar o computador na escola têm uma lição elementar a
ensinar ao Brasil. Tais projetos só foram adiante com sucesso porque os
professores receberam treinamento para fazer o uso dos PCs para fins
pedagógicos. No Chile, é o caso de 80% dos docentes. No Canadá, as escolas
contrataram ainda especialistas encarregados de organizar bibliotecas de
softwares e orientar os professores sobre como aplicá-los em sala de aula. As
escolas brasileiras estão a anos-luz dessa realidade. “Aqui os professores mal
sabem ligar o computador”, resume Roseli Lopes, coordenadora no Núcleo de
Sistemas Integrados da Universidade de São Paulo (USP). Ela é uma das
responsáveis pela implantação de um programa do governo federal cujo objetivo é
distribuir laptops aos 30 milhões de estudantes da rede pública.
Proporcionar às crianças pobres acesso ao
computador é um fato positivo, e ninguém discorda disso. Mas não basta jogar os
aparelhos dentro das salas de aula para que eles produzam milagres. É preciso
treinar os professores, adaptar os aparelhos a projetos pedagógicos e
supervisionar seu uso pelos estudantes. Numa visita à escola pública Ernani
Silva Bruno, de São Paulo, uma das cinco no país que servem de piloto ao
projeto, tem-se a idéia mais realista das dificuldades à vista. Enquanto uma
professora quer saber como aciona a letra maiúscula no teclado do laptop, a
estudante Giovana Gomes, de 11 anos, expressa sua ambição em relação à nova
máquina: “Vou poder brincar no site da Barbie e jogar games na escola”. Sem
supervisão, Giovana e seus colegas não irão longe.
Infelizmente, a realidade de muitas escolas ainda não podem dar o apoio devido a seus alunos como integrar projetos com formações ,trabalhei três anos em uma escola onde os aluno tinham um computador por aluno (Projeto UCA) ,tinham total acesso a pesquisa ,jogos, informações, onde fazia parte do cotidiano,outra realidade,este ano trocando de escola,as crianças não tem internet e fazem apenas produções textuais e alguns jogos, triste realidade. Grandes experiências,chegaremos lá!
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