O texto “Técnicas e Tecnologias no Trabalho com as Operações
Aritméticas nos Anos Iniciais Ensino Fundamental”, de Bittar, Freitas e Pais,
nos traz reflexões importantes sobre a matemática em nossas escolas. Concordo
plenamente com os autores: a questão do ensino da matemática está ligada à
questão da transposição didática. Como transformar e transferir o saber
acadêmico para o aluno. Sabemos que uma coisa é saber e outra é ensinar. Saber
muito sobre matemática não significa saber ensinar matemática. Mas qual a
melhor maneira de ensinar matemática. Será que ela existe? O professor deve
valorizar mais os aspectos práticos e técnicos, valorizar mais os aspectos
tecnológicos e teóricos ou investir mais na exploração e no construtivismo?
Precisamos ser tão radicais em nossa escolha? Porque muitos professores se
acomodam em um modelo de ensino da matemática não traz bons resultados?
Trabalho
com crianças de 0 a 6 anos de idade. Ninguém começa a se interessar por números
aos seis anos de idade, mas uma criança nessa idade já pode perder o interesse
em saber e descobrir sobre números. O
texto nos mostra claramente o excesso de valorização do certo ou errado. O que
é errado para nós é a lógica da criança. As crianças não aprendem matemática
memorizando, repetindo e exercitando exaustivamente números e operações, mas
resolvendo situações problema, enfrentando obstáculos cognitivos e utilizando
seus conhecimentos. A criança já chega na escola trazendo sua bagagem de
matemática, ela já vivencia matemática,
antes mesmo, de saber definir conceitos matemáticos. Então é importante que não
ignoremos este saber trazido pela criança. A percepção do aluno é indispensável
para o sucesso da matemática em sala de aula. É sobre isso que nos fala
Constance Kamii em seu livro, A Criança e o Número: “Quando ensinamos número e
aritmética como se nós adultos fôssemos a única fonte válida de retroalimentação,
sem querer ensinamos também que a verdade só pode sair de nós. Então a criança
aprende a ler no rosto do professor sinais de aprovação e reprovação.”
A
didática da matemática nos mostra que não é apenas com o número, mas com a
análise e a reflexão sobre o sistema de numeração que os pequenos constroem seu
conhecimento matemático. Quando falamos em matemática para as crianças de 0 a 6
anos é preciso sempre lembrar que o lúdico é um fator indispensável neste
processo. Eu utilizo histórias, personagens, materiais concretos, jogos e
brincadeiras como (boliche, o dominó, bolas de gude, bingo, basquete, memória,
sucatas, tampinhas...) para envolver as crianças na minha prática e despertar
sua curiosidade e interesse pela matemática. Trabalho com o concreto encorajado
as crianças a relacionar os números com os objetos, pensar sobre os números e
interagir com os colegas. É extremamente interessante perceber o quanto os
alunos aprendem uns com os outros nas atividades propostas. Os desacordos e
acordos entre elas estimulam a releitura do pensamento. Vejo em minha prática
diária que as crianças têm muitas maneiras de chegar a uma resposta.
Gérard
Vergnaud nos diz que é importante pensar a adição e a subtração sob o enfoque
do campo aditivo porque não se pode entender o aprendizado de um conceito e o
desenvolvimento cognitivo separadamente. Por isso, é preciso considerar a
variedade de situações envolvidas na formação de um conceito e a variedade de
situações envolvidas no entendimento de uma situação. O texto esclarece porque
somar e subtrair são complementares para as crianças e nos acorda para a
necessidade de aprender como as crianças pensam para ensiná-las, porque se
conseguirmos perceber como as crianças constroem seus conhecimentos
matemáticos, poderemos planejar uma didática muito mais eficaz e prazerosa para
o ensino da matemática:
http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/todos-perdem-quando-nao-usamos-pesquisa-pratica-427238.shtml
Finalizando e refletindo sobre o texto, no ensino procuraria
entrar no mundo de cada um, respeitando suas peculiaridades no aprender,
evitaria utilizar métodos de extremos e buscaria desenvolver o interesse do
aluno através de métodos mais familiares possíveis ao mesmo.
Referências: A matemática em sala de aula, Reflexões e
propostas para anos iniciais do ensino fundamental, (katia Stocco Smole-
Cristiano Alberto Muniz)
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